Nesta quinta-feira, 21 de março, é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
A data foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966.
Reconhecendo a importância da postura antirracista constante e os compromissos com a representatividade e inclusão, a vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP, a arquiteta e urbanista Andreia de Almeida Ortolani apresenta, no artigo a seguir, reflexões que tem origem ao longo da sua atuação profissional como conselheira estadual (2021-2023), e hoje como vice-presidente – a primeira mulher autodeclarada negra no cargo.
Ortolani também cita alguns dados coletados pela publicação “Diagnóstico da Arquitetura e Urbanismo de São Paulo: Perfis dos Profissionais e Instituições de Ensino Superior”, um estudo produzido pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a partir de encomenda do CAU/SP:
“Dados apontam que a maioria das pessoas que exercem a profissão de arquiteto (a) e urbanista são autodeclaradas brancas, segundo a pesquisa.
Mas, o olhar apenas para essa informação por anos, sem considerar outros indicadores, colocou os (as) profissionais negros (as) na condição de “invisíveis” em nossa profissão.
Sei que, a partir da minha vivência no mercado de trabalho nas últimas décadas, ainda hoje, a desigualdade racial impacta significativamente na atuação dos arquitetos negros e negras. Acredito que todas e todos nós sabemos disso.
Quando observamos os 20% que se autodeclaram, predominantemente, como pretas, pretos, pardas e pardos, percebemos que esses (as) profissionais estão mais sujeitos à precarização profissional e relações informais de trabalho.
Para esse grupo, ainda existem grandes barreiras para alcançar cargos mais elevados ou oportunidades, o que ocorre também no setor público e no ensino.
Outros dados relevantes obtidos na mesma pesquisa: apenas 50% dos profissionais homens e negros conseguem trabalhar exclusivamente como arquitetos e urbanistas.
Entre as mulheres negras, a atuação exclusiva como arquiteta e urbanista é de 57%.
Chama também a atenção o percentual relativamente alto de desemprego das arquitetas e urbanistas negras: quase 16%. Elas também apresentam as menores médias salariais – tanto como arquitetas e urbanistas, quanto em outros trabalhos.
Concluo que dados como esses oferecem evidências para uma atuação sólida no enfrentamento da discriminação de gênero e raça no mercado de trabalho.
O CAU/SP, como instituição, tem o compromisso de dar celeridade ao processo de letramento sobre a temática racial.
Como vice-presidente, asseguro aos (às) profissionais da Arquitetura e Urbanismo que iremos atuar de maneira proativa para garantir um conselho mais equânime e inclusivo, tanto nos quadros institucionais quanto na atuação pela valorização profissional junto à sociedade. ”
Arquiteta e urbanista Andreia de Almeida Ortolani
Vice-presidente do CAU/SP
O CAU/SP convida você a refletir sobre formas de eliminação da descriminação racial, como propõe a data de hoje, e somar forças a essa luta que é de todos e todas diariamente.