Nota de pesar.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo lamenta o falecimento do arquiteto Fernando Campana, no dia 16/11. Atuando em dupla com seu irmão Humberto, ele ganhou reconhecimento internacional como designer de móveis e objetos feitos com uma linguagem pioneira marcada pelo uso de materiais inusitados como plástico, papelão, metais, fibras de algodão e borracha.
A mostra das peças dos irmãos atualmente em cartaz na Galeria Luciano Brito, em São Paulo, dá bem uma ideia de ousadia e até mesmo irreverência da dupla, “uma verdadeira alegoria da brasilidade (…) contém todos os elementos que formam a identidade cultural do país”, como afirma o site do Instituto Campana. “O Brasil não é um país cartesiano, é cheio de misturas”, disse Fernando Campana entrevista á Folha de S.Paulo em 2000.
Nascidos no interior de São Paulo, os irmãos mudaram-se na adolescência para a Capital. “Somos a fusão entre o caipira e o urbano”, segundo Humberto Campana.
O reconhecimento internacional veio no fim dos anos 1990, com a mostra no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), sob a curadoria de Paola Antonelli. A carreira seguiu com criações anuais para casas italianas. No país, uma importante parceria com uma fábrica de calçados popularizou traçados dos Campana para muitos brasileiros.
O Instituto, fundado em 2009 para preservar o acervo da dupla para futuras gerações, ”está constantemente investigando novas possibilidade de design, da fabricação de móveis à arquitetura, paisagismo, moda, cenografia e muito mais”, diz o site da instituição, que promove a inclusão social com o resgate de técnicas artesanais. “Trabalhar com várias marcas e indústrias permite combinar práticas de produção sustentáveis e tecnologia de ponta”.
Fernando e Humberto receberam o Prêmio Colbert Comittee em Paris; foram homenageados pela Design Week em Pequim, eleitos designers do Ano pela Maison & Objet de Paris, condecorados com a Ordem das Artes e Letras concedido pelo Ministério da Cultura da França. No Brasil, receberam a Ordem do Mérito Cultural.