A abertura do 5º Fórum Internacional sobre Patrimônio Arquitetônico (Fipa) ocorreu na manhã desta quarta-feira, 23/05, no auditório Gilberto Gil, no Museu Histórico Nacional (MHN), Rio de Janeiro, com o apoio institucional do CAU/RJ e do CAU/SP.
Com o tema “Todos os mundos: reúso do patrimônio”, o Fipa se desenvolve ao mesmo tempo no Museu e no Paço Imperial, ambos situados na região central da capital fluminense.
Desde a primeira edição, o Fórum fomenta o intercâmbio de conhecimento científico e de práticas de intervenção em “sítio”, além da gestão e promoção do patrimônio arquitetônico.
Tendo por objetivo principal promover debates interdisciplinares e interinstitucionais entre instituições e entidades brasileiras e portuguesas, o Fipa passou a integrar também o calendário de atividades preparatórias do UIA2020RIO, maior e mais importante evento da Arquitetura mundial, que terá por sede a cidade do Rio de Janeiro em julho de 2020.
Rio, capital mundial da Arquitetura
O início das atividades contou com as participações da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa; do representante do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e diretor do MHN, Paulo Knauss; da diretora do Museu Paço Imperial, Claudia Saldanha; do presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Nivaldo Andrade; do presidente do CAU/RJ, Jeferson Salazar; do presidente do CAU/SP, José Roberto Geraldine; do presidente do Comitê Executivo do UIA2020RIO, Sérgio Magalhães; além dos coordenadores gerais do 5º FIPA Maria Rita Amoroso (pelo Brasil) e Aníbal Costa (Portugal).
“Ficamos contentes em ver como a ideia do Fipa, em sua quinta edição, prosperou e hoje dá força à preparação do 27º Congresso Mundial de Arquitetos. Neste momento, temos também o prazer de informar que a União Internacional de Arquitetos (UIA) aprovou a designação da cidade do Rio como Capital Mundial da Arquitetura, a ser concedido pela Unesco nas próximas semanas”, afirmou Sérgio Magalhães.
“Teremos, em 2020, não só o mais importante evento, que reunirá arquitetos e urbanistas de todo o mundo, mas a possibilidade, ao longo de todo o ano, de ampliarmos o diálogo entre arquitetura, academia e sociedade em geral em torno da melhora das nossas cidades”.
CAU/RJ: a importância da história
O presidente do CAU/RJ destacou, na abertura, a importância da história para compreender o presente e projetar o futuro.
De acordo com o Jeferson Salazar, o fórum ocorre em momento oportuno no Rio. “Realizamos na semana passada, no município de Maricá, a primeira edição regional do nosso Encontro com a Sociedade. Lá, tivemos a oportunidade de realizar visita técnica à comunidade tradicional de pescadores de Zacarias, instalada há mais de 200 anos numa área de restinga, que está ameaçada de remoção para construção de empreendimento de luxo, com campo de golfe, shopping, resort e condomínios”, explicou Salazar.
“Iniciamos trabalho para tornar a rota de pesca da região em patrimônio imaterial a fim de preservar o local, a comunidade e esse importante patrimônio do estado do Rio de Janeiro e da cultura humana”.
CAU/SP: o diálogo com os órgãos públicos
O presidente do CAU/SP, José Roberto Geraldine Junior, relatou algumas ações que o Conselho paulista desenvolve para promoção e preservação do patrimônio cultural do Estado.
“Estamos empenhados em investir recursos do Conselho no campo do patrimônio, em especial no patrimônio arquitetônico, seja na produção de material ou na orientação profissional. O objetivo é sensibilizar órgãos públicos, entendendo que esse é um caminho que devemos valorizar cada vez mais”, defendeu Geraldine.
Espaço para debate e troca de informações
Criado em 2014, através de convênio entre IAB-Núcleo Campinas, Universidade de Aveiro e PUC-Campinas, o fórum agrega novas instituições a cada ano.
A coordenadora geral do evento no Brasil, Maria Rita Amoroso, destacou o apoio essencial do CAU/RJ, do CAU/SP, do IAB e do Iphan à realização do fórum.
A arquiteta ressaltou ainda o 5º Fipa como espaço de diálogo e de troca de informações relevantes de todo o mundo.
“Ao longo desses três dias de evento, vamos discutir temas relevantes, sem perder de vista soluções encontradas em projetos contemporâneos, uma vez que tais intervenções, onde quer que ocorram, tem fomentado pesquisas e conhecimentos científicos”, afirmou.
Patrimônio brasileiro em risco
As dificuldades enfrentadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foram objeto de reflexão na abertura do 5º Fórum Internacional.
Uma semana após o Governo Federal, através de medida provisória, cortar R$ 43 milhões do orçamento do Instituto, a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, falou da responsabilidade do órgão –que possui 221 servidores em todo o país– na preservação de 600 mil imóveis tombados.
O presidente do IAB, Nivaldo Andrade, acompanhou as críticas de Kátia. “Não podemos aceitar isso. O Iphan está sucateado”, afirmou.
“O concurso público lançado pelo Iphan, único edital do governo federal publicado este ano, está sendo ameaçado, visto que das 516 vagas abertas, 105 foram retiradas para bancar a intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro. Não podemos aceitar isso”.
Fonte: CAU/RJ
Publicado em 24/05/2018