No distrito do Jaraguá, zona noroeste da capital, a 23 km do Centro Histórico, está localizada a Aldeia Tekoá Itawera, uma das 8 “Tekoas” (aldeias), que reúnem os povos guarani e guarani Mbya.
No último dia 18/11, uma comitiva de representantes do CAU/SP visitou esta aldeia, como parte das atividades da recém-criada Câmara Temática “Arquitetura e Urbanismo e Diversidade: Quilombolas e Indígenas”.
As representantes do Conselho foram recebidas pela liderança indígena Ara Poty, que descreveu as lutas da população local contra a ocupação irregular e a tentativa do poder público de privatizar o território.
Ara Poty também comentou sobre as características da habitação mais comum hoje na aldeia – construídas com a técnica de pau a pique – e sobre possibilidades de melhorias nesse campo.
“Para nós, o mais interessante seriam casas de madeira. Não queremos casas de alvenaria”.
Um ponto importante da visita foi o comentário sobre a escola em construção na aldeia. A liderança reclamou que a escola ‘parece um presídio’, com falta de ventilação e um muro de 10 metros, e que estava embargada.
As conselheiras que participaram desta ação discutiram a possibilidade de os moradores da aldeia repassarem conhecimento sobre as formas de construção nativas mediante alguma forma de acordo ou convênio com o CAU/SP.
“Seria uma atividade muito importante, de aprendizado, de escutar, de divulgar, de apoiar na legitimação [deste território]”, afirmou a Coordenadora da Câmara Temática, a conselheira Melyssa Maila.
“Tem muito aqui que nós podemos difundir, que nós precisamos divulgar. Aqui, já existem todas essas tecnologias do bem-viver”, comentou Andrea Mendes, Doutora em História Social e integrante externa da Câmara Temática.
A proposta da Câmara Temática “Arquitetura e Urbanismo e Diversidade” é subsidiar o CAU/SP e comissões para a “construção de programas, projetos e ações voltados para a população quilombola e indígena e para os quilombos e territórios indígenas” entre outros objetivos.
Na cidade de São Paulo, existem pelos dois menos territórios (T.I.s), que abrangem os povos guaranis: a Terra Indígena “Jaraguá” (com cerca de uma centena de moradores) e a Terra Indígena “Tenondé Porã”, no extremo sul da capital, com pouco mais de 1.100 habitantes, conforme informações da ONG Instituto Socioambiental.
Estas aldeias são responsáveis pelo cultivo de espécies da fauna e flora, incluindo abelhas nativas ameaçadas de extinção.