Mais da metade dos arquitetos e urbanistas do Estado de São Paulo estão concentrados na capital –principalmente– e nas 20 cidades próximas, enquanto pouco mais de 1,3 mil profissionais (menos de 3% do total) vivem e trabalham em 77 municípios da região de Presidente Prudente.
Anos atrás, o CAU/SP criou uma rede de dez escritórios regionais, além da sede na capital, para atender a esta desigualdade na distribuição da população profissional no Estado. No mês passado, o Conselho deu mais um passo nesta iniciativa instituindo as rodas de conversa virtuais por meio do projeto “CAU Escuta”.
Cada uma dessas sedes regionais promoveu uma teleconferência, que contou com a participação da equipe local, da Vice-Presidência e de um representante do Colegiado das Entidades Estaduais de Arquitetos e Urbanistas do CAU/SP – CEAU-CAU/SP, que reúne as principais instituições no campo da Arquitetura e Urbanismo do Estado.
Os arquitetos e urbanistas foram convidados a participar destas rodas de conversa –realizadas por meio do computador devido à crise do Covid-19–, e puderam falar livremente, e ouvir os representantes da autarquia.
Profissionais fizeram reivindicações sobre o funcionamento do Sistema de Informação e Comunicação do CAU (SICCAU), a emissão de RRTs, a promoção da Arquitetura e Urbanismo, e pediram a intervenção do Conselho em assuntos como a aprovação de projetos no poder público, o fomento à assistência técnica para habitação social e a precarização do trabalho.
A valorização do arquiteto
O projeto “CAU Escuta” é parte do plano para o fortalecimento do CAU/SP no território paulista, tendo por foco a valorização do arquiteto e urbanista na construção das cidades.
Por meio de reuniões de aproximação com prefeituras, associações de arquitetos e engenheiros, empresas e coletivos de profissionais, o Conselho pretende criar uma rede de contatos para levar informação e criar influência.
Há pelo menos três objetivos principais nestes esforços: a) estabelecer o máximo de arquitetos e urbanistas em conselhos municipais para que a contribuição técnica destes profissionais seja reconhecida; b) estabelecer os escritórios descentralizados como espaços de acolhida para os profissionais; c) estabelecer elos de cooperação e reforçar a rede de contatos do CAU/SP.
Algumas propostas podem ser implementadas a partir do segundo semestre, entre elas, um programa de palestras e oficinas do CAU/SP nas associações de arquitetos e engenheiros. Outra questão são os editais de parceria, que podem ser aprimorados a partir de uma articulação com as prefeituras.
Compromisso de aprimorar o SICCAU
A vice-presidente Poliana Risso explicou aos profissionais que participaram das rodas de conversa o compromisso da nova gestão em regularizar a operação do SICCAU, que já passou por alguns problemas técnicos nos últimos meses.
É por meio deste sistema que o arquiteto e urbanista cumpre alguns de seus principais deveres para com o exercício da profissão, a exemplo da emissão do RRT, em que reconhece sua responsabilidade técnica ao realizar uma atividade no campo da Arquitetura e Urbanismo.
“Foi um sistema muito bom desde o começo (…), mas nós tivemos um aumento no número de profissionais muito significativo, e isso de certa forma sobrecarregou [este sistema] (…) e por este motivo, tem tido problemas: sai do ar, [todas] as questões que os profissionais reclamam muito”.
“Todos os CAUs fizeram um trabalho conjunto para contribuir mais com o CAU/BR, que contratou uma equipe especializada em Tecnologia da Informação. O CAU/SP também contratou um especialista, que tem contribuído diretamente para resolver os problemas do sistema.”
“Esta é uma das missões desta gestão: não ter mais problemas com o SICCAU”, concluiu.
As rodas de conversa
O escritório descentralizado de Sorocaba (69 municípios atendidos; 2,9 milhões de habitantes e 2.450 arquitetos ativos) deu a partida na sequência de rodas de conversa no dia 23/06.
Nesta região, os profissionais perguntaram sobre o compromisso do CAU/SP em apoiar ações de Athis. O Conselho informou que novos editais de parceria estão programados para este semestre.
Na roda de conversa de Campinas (72 municípios; 5,7 mi de hab.; 7.289 arq. ativos), o segundo maior escritório descentralizado, profissionais reclamaram dos novos sistemas de emissão de alvarás e os problemas de fiscalização, pedindo uma tomada de posição do CAU/SP a respeito.
Na menor sede regional do CAU/SP em tamanho, o escritório do ABC (07 municípios; 2,6 mi de hab.; 3.507 arq. ativos), profissionais reivindicaram uma atuação do Conselho para defender o salário mínimo profissional.
Entre os profissionais da Baixada Santista e do Vale do Ribeiro –atendidos pelo escritório de Santos (23 municípios; 1,9 mi de hab.; 2.300 arq. ativos), uma participante do evento cobrou uma posição do Conselho em relação à campanha recente do CREA.
A roda de conversa do escritório de Mogi das Cruzes (10 municípios; 1,44 mi de hab.; 1.718 arq. ativos) contou com a participação do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), representado pelo Secretário Municipal de Planejamento Urbano e Habitação de Suzano, Elvis José Vieira. Foi uma oportunidade para o Conselho explicar suas ações de aproximação com as organizações regionais, a exemplo do Consórcio e da União das Associações da bacia do Alto Tietê (UNABAT).
Reclamações e reivindicações
No início de julho foi a vez do escritório de São José dos Campos (39 municípios; 2,57 mi de hab.; 3.449 arq. ativos) promover a sua roda de conversa, quando foram registradas reclamações de que profissionais têm encontrado dificuldades em aprovar projetos porque alguns órgãos públicos não reconhecem a capacidade técnica dos arquitetos em certas áreas (Engenharia de Segurança do Trabalho).
No evento do escritório de Presidente Prudente (93 munícipios; 1,34 mi de hab. ;1.302 arquitetos ativos), os participantes debateram como atrair os demais profissionais para os eventos promovidos pelo CAU/SP, entre outros temas.
O pagamento de RRT foi uma das reclamações dos profissionais ouvidos no evento do escritório de São José do Rio Preto (129 municípios; 2,08 mi de hab. ; 2.464 arq. ativos). O Registro de Responsabilidade Técnica também foi motivo de reivindicações no evento de Ribeirão Preto (99 municípios atendidos – a terceira maior regional do CAU/SP; 3,87 mi de hab.; 4.356 arq. ativos), quando foram solicitadas alterações na forma de registro de equipes; no evento de Bauru (81 municípios; 2,05 mi de hab.; 2.328 arq. ativos), profissionais demandaram que o CAU/SP fizesse mais iniciativas de apoio aos jovens arquitetos e urbanistas.
A roda de conversa da sede na capital (22 municípios atendidos; 15,68 mi de hab.; 32.026 arq. ativos) encerrou esta etapa do projeto “CAU Escuta”.
Entre os vários assuntos tratados, os participantes reclamaram da ausência de reconhecimento do arquiteto e urbanista na sociedade; e ao mesmo tempo, da falta de acesso da maioria da população aos serviços de Arquitetura.
A versão integral de cada uma das rodas de conversa virtuais está disponível no canal do CAU/SP no portal YouTube.
Publicado em 12/07/2021
Da Redação