“Insisto: falta muita, muitíssima formação, e faltam especialistas em acessibilidade”. A declaração do arquiteto espanhol Enrique Rovira-Beleta Cuyás revela um desafio a ser enfrentado, não só no Brasil, mas em todo o mundo, e foi um dos momentos marcantes da intervenção dos dois profissionais europeus durante a 11ª reunião plenária do CAU/SP no dia 28/11 na capital.
Cuyás e a colega, também espanhola, Ana Folch Mendes foram os responsáveis pela palestra magna durante a abertura do seminário internacional “Acessibilidade e Diversidade Humana em um só mundo. Arquitetura 21”, realizado pela Comissão de Acessibilidade do CAU/SP e pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, no último dia 27/11.
A convite do CAU/SP, os profissionais espanhóis visitaram a plenária do Conselho e contribuíram com suas experiências em Acessibilidade e Desenho Universal.
O arquiteto espanhol, que é professor da UIC Barcelona (Universitat Internacional de Catalunya), relatou que a faculdade é a única da Espanha em que a disciplina de Acessibilidade é obrigatória. “Se não você não passar nela, não se torna um arquiteto”, ressaltou.
E reforçou aos colegas brasileiros sua compreensão de que a Arquitetura e Urbanismo do século 21 será uma “Arquitetura para sêniores”. “As pessoas estão chegando cada vez mais aos 80, 90 anos. E quando você chega a essa idade, não enxerga bem, não ouve bem, não se movimenta bem, e não entende bem, não importa quanto dinheiro você tenha”, pontuou.
Ele insistiu para que os profissionais façam projetos pensando nas necessidades não somente das pessoas com deficiência, mas da população de mais idade, ou das pessoas com alguma dificuldade de comunicação pelo simples fato de não falarem a língua local, entre outras necessidades. “Não podemos mais ficar projetando somente para uma minoria”.
A Conselheira titular do CAU/RJ, Regina Cohen, também acompanhou a visita. Ela lembrou que a atual Comissão de Acessibilidade do Conselho fluminense é inspirada em sua contraparte paulista, e que o Estado do Rio enfrenta desafios semelhantes na conscientização da importância da Acessibilidade para os projetos arquitetônicos.
‘Não falamos mais em projetar para pessoas com deficiência, falamos em projetar com todos, com o Desenho Universal’, sintetizou.
Atualizado em 02/12/2019
Da Redação