Um incêndio (mais um) na Cinemateca Brasileira, na zona oeste de São Paulo, na quinta-feira 29 de julho, demonstra o descuido com patrimônio histórico e arquitetônico, a cultura e a arte no Brasil. O fogo, que começou por volta das 18h, destruiu o que não se sabe ainda do acervo de filmes em curta, média e longa-metragens. Um total de 70 bombeiros em cinco caminhões debelaram as chamas que atingiram três salas do primeiro andar do galpão localizado na Vila Leopoldina, que abriga (ou abrigava) um total de 200 filmes.
Avisos não faltaram: o próprio incêndio que havia ocorrido no mesmo prédio em 2016 e, em abril deste ano, uma manifestação de funcionários desse braço da cinemateca em São Paulo (o prédio principal fica na Vila Mariana, zona centro-sul da capital) davam conta da vulnerabilidade do edifício e da precariedade da manutenção (sem falar no atraso de salário, outra motivação do manifesto).
Na sexta-feira (30), a Polícia Federal iniciou investigações sobre essa tragédia anunciada.
Criada na década de 1940, a quinta maior cinemateca em restauro do mundo abriga 250 mil rolos de filmes e também programas de TV e jogos de futebol. O arquivo completo do mestre Glauber Rocha é um de seus tesouros. Do total desse acervo, estima-se que quatro toneladas de documentos viraram cinzas. No incêndio de 2016, cerca de 500 obras foram destruídas. E, para lembrar outro apagão recente de nossa memória e cultura, em setembro de 2018, um incêndio privou-nos para sempre da maior parte dos objetos históricos e de arte que o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, guardava em seus três andares.
Publicado em 30/07/2021
Da Redação