Já estão abertas as pré-inscrições para o Seminário Internacional “Gestão Inovadora de Bairros Históricos – Fábrica de Restauro” que acontecerá em São Paulo nos dias 10 e 11 de setembro. A iniciativa é do CAU/BR, em parceria com o CAU/SP e o programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismos da FAU-Mackenzie, tendo ainda o apoio do IAB/SP e da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do MEC).
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O objetivo é a busca de novas alternativas de trabalho para jovens arquitetos no campo da preservação da memória de forma inclusiva a partir da soma das experiências nacional e internacional na área.
“Uma gestão inovadora e participativa se faz necessária nas cidades brasileiras principalmente no que tange às pré-existências se articulando ao projeto da contemporaneidade”, afirma a arquiteta e urbanista Nadia Somekh, coordenadora adjunta da Comissão de Relações Internacionais do CAU/BR, responsável pela organização do evento.
Entre os palestrantes do Seminário estão:
= ALAIN LIPIETZ, do Centre Pour la Recherche Économique et ses Applications – Centro para a Pesquisa Econômica e suas Aplicações (CEPREMAP)
= BARBARA LIPITEZ, do Bartlett Development Planning Unit – Unidade de Planejamento e Desenvolvimento de Bartlett (DPU), da University College London (UCL)
= EDESIO FERNANDES, do Bartlett Development Planning Unit – Unidade de Planejamento e Desenvolvimento de Bartlett (DPU), da University College London (UCL)
= HENRY RUSSELL, da Reading University e Heritage
= KATE DICSON, do Heritage Trust Network – Rede de Financiamento do Patrimônio
= MICHAEL BALL, da Reading University
O evento deve proporcionar a instalação de uma Fábrica de Restauro, sob responsabilidade de Nadia Somekh, do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, experimentalmente formulada para o bairro tombado do Bexiga. A ideia é uma mobilização social que permita construir coletivamente a recuperação física e social do bairro, sem perspectivas de gentrificação.
“Será isto possível? Será possível, também, abrigar em bairros tombados ou em conjuntos urbanos históricos projetos contemporâneos compatíveis com o tecido histórico e construídos com a população moradora? É o que vamos discutir”, diz a arquiteta.
O seminário faz parte das ações rumo ao UIA2020RIO e também objetiva capacitar lideranças nas entidades que compõe o CEAU (Colegiado das Entidades dos Arquitetos e Urbanistas) para promover ações criativas de trabalho para arquitetos na preservação da memória das cidades brasileiras.
PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR
DIA 10 DE SETEMBRO
Manhã
ABERTURA
Autoridades do CAU/BR (incluindo CRI-Comissão de Relações Internacionais e CPUA-Comissão de Política Urbana e Ambiental), CEAU (Colegiado das Entidades de Arquitetos e Urbanistas), CAU/SP e Universidade Presbiteriana Mackenzie
Mesa 1
FORTALECIMENTO TERRITORIAL, INSTITUCIONAL E GESTÃO
Alan Lipietz, do Centre Pour la Recherche Économique et ses Applications – Centro para a Pesquisa Econômica e suas Aplicações (CEPREMAP)
Henry Russell, da Reading University e Heritage Alliance
Edésio Fernandes, do Bartlett Development Planning Unit – Unidade de Planejamento e Desenvolvimento de Bartlett (DPU), da University College London (UCL)
Debatedores: Nivaldo Andrade, presidente do IAB/DN, e Leonardo Castriota, do Instituto de Estudos de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal de Minas Gerais
Tarde
Mesa 2
FINANCIAMENTO E SUSTENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO
Michael Bal, da Reading University
Kate Dickson, do Heritage Trust Network – Rede de Financiamento do Patrimônio
Gina Paladino, Assessora de Planejamento e Gestão Estratégica do CAU/PR e consultora em desenvolvimento local e regional e economia criativa
Debatedores: Silvio Oksman, da Escola da Cidade, e Vanessa Bello, da FAU/USP
DIA 11 DE SETEMBRO
Manhã
Mesa 3
DESENVOLVIMENTO LOCAL SOLIDÁRIO E FÁBRICA DE RESTAURO
Barbara Lipietz, do Bartlett Development Planning Unit
Carlos Leite, da Universidade Mackenzie
Nadia Somekh, conselheira federal do CAU/BR por São Paulo e do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
Debatedores: Cláudia Pires, do IAB/MG e Sérgio Milleto, produtor cultural e social
DIAS 10 E 11 DE SETEMBRO
WORKSHOPS
Fábrica de Restauro
Fórum do Patrimônio
Jornada do Patrimônio
Economia Criativa e Projetos Urbanos
Financiamento e Sustentabilidade
BEXIGA
O bairro do Bexiga fica na área central de São Paulo e, embora tenha fama de “italiano”, possuía desde a origem – um loteamento do final do século XIX, fruto da divisão de uma chácara do século XVI – imigrantes portugueses e negros libertos. Hoje também abriga grande número de famílias nordestinas. Os moradores mais tradicionais preferem chamá-lo de Bixiga. Curiosamente ele não aparece na divisão administrativa da cidade, sendo considerado um pedaço da Bela Vista.
O bairro reúne 905 dos cerca de quatro mil imóveis tomados na cidade pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (CONPRESP).
Em 2017, os jurados da categoria Arquitetura do Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) premiaram o bairro por sua “resistência cultural”, marcada pela existência em seu território do Teatro Oficina, da União de Mulheres de São Paulo e da Casa de Dona Yayá, além da escola de samba Vai-Vai e da festa de Nossa Senhora Achiropita.
O Oficina é tombado pelo Município, pelo Estado e pela União e, no momento, é motivo de especial preocupação da comunidade do bairro por causa da intenção do Grupo Silvio Santos de construir duas torres residenciais de mais de 100 metros de altura em seu entorno. Há um movimento para que a área seja desapropriada e transformada no Parque Bixiga.
A propósito, em manifestação recente, o IAB afirmou: “Considerado pelo diário inglês The Guardian “o melhor e mais intenso teatro do mundo”, o Teatro Oficina ultrapassa os limites das suas paredes externas, através da abertura proporcionada pelo seu teto móvel e pelo “janelão” que permite que a ambiência urbana do Bixiga invada o seu espaço interno, estabelecendo uma relação singular entre o teatro e a cidade. Neste sentido, o vazio existente ao lado do “janelão”, no terreno lindeiro, é parte indissociável do valor arquitetônico do teatro, ao permitir que o mesmo funcione como concebido, constituindo, assim, um dos seus atributos centrais”.
A União das Mulheres, criada em 1981 é pioneira na defesa dos direitos das mulheres e a Casa de Dona Yáyá, construída no final do século XIX, abriga o Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC USP).
A Vai-Vai teve origem em um grupo carnavalesco criado em 1928 por amigos de um time de futebol que jogava bola no vale do rio Saracura, hoje coberto pela avenida 23 de Maio. A escola já foi quinze vezes campeã do carnaval paulistano.
O Bexiga é conhecido também por suas cantinas italianas; outros teatros tradicionais como Ruth Escobar e Sérgio Cardoso; pela quase centenária e original Vila Itororó, parcialmente feita com restos de construção; pela escadaria que liga as ruas Treze de Maio e dos Ingleses e pelos arcos da rua Jandaia.
O lugar abriga ainda o Museu Memória do Bixiga (fundado em 1981), o Centro de Memória do Bixiga e o Bloco Carnavalesco Esfarrapado, o mais antigo da cidade (criado em 1947).
O prédio do Museu, localizado na rua dos Ingleses, deverá sediar e ser o objeto de trabalho da primeira Oficina de Restauro do projeto.
Publicado em 20/07/2018
Fonte: CAU/BR