Colegas Arquitetos e Urbanistas,
Recentemente fomos negativamente surpreendidos por uma matéria publicada no site do Crea-ES desqualificando os Arquitetos e Urbanistas, assim como o benefício que a produção desta categoria profissional tem levado às cidades e à sociedade.
Tal matéria demonstra equivocadamente os valores pessoais de uns poucos, em detrimento de tantos colegas engenheiros e agrônomos, amigos e parceiros históricos de trabalho que tanto dignificam sua profissão.
Um esforço tardio e vazio de conteúdo, típico daqueles que na ausência de uma argumentação real, atacam a dignidade e respeitabilidade do outro.
Fere não apenas os Arquitetos e Urbanistas, mas toda sociedade ao desrespeitar a Lei Federal 12.378/10, que define as atribuições profissionais e campo de atuação dos Arquitetos e Urbanistas, definições estas baseadas na sua formação profissional.
Em outras palavras, atuamos onde fomos preparados para atuar, onde fomos preparados para gerar segurança e qualidade de vida para todos, indistintamente.
Num país que sofreu uma brutal urbanização em curto prazo, a única certeza que há é que a reprodução de um modelo antigo, baseado em estruturas ultrapassadas e com valores corporativistas, não será capaz de gerar algo novo, novas formas de ocupação urbana que garantam o respeito ambiental e social.
Em resposta a esse chamamento da sociedade o CAU, o IAB, os Sindicatos e demais entidades de Arquitetura e Urbanismo nacionais, em parceria direta com os arquitetos e urbanistas, têm produzido respostas por meio de seus serviços, sejam estes planos, projetos ou obras, que dignificam a categoria pela ética, dedicação e benefícios gerados para a sociedade, tal qual acordado em seu juramento de iniciação profissional:
“Juro que ao exercer a profissão de arquiteto e urbanista, terei sempre presente que estarei projetando espaços para a vida, para o bem estar da coletividade, tendo como pressuposto as questões da ética profissional, buscando, ainda, a universalização do acesso a um “habitat” adequado e moradia digna, por meio de soluções compatíveis com a natureza da demanda socioeconômica de todos os grupos que compõem a nossa sociedade, para que esse direito à moradia seja para todos, o direito de se ter um lugar para se viver, sonhar e morar com dignidade, alegria e esperança.”
Arquitetos e Urbanistas, mais importante que o questionamento jurídico já em andamento, é a certeza de que todos os valores que justificaram nossa busca de 50 anos por um conselho uniprofissional foram resumidos e reforçados pelo Crea-ES na notícia em questão.
Foi com este desrespeito com que diversas gerações de Arquitetos e Urbanistas foram tratados e apresentados à sociedade pelo conselho que os representava, cerceando cada cidadão do direito a uma vida melhor.
A crise urbana tratada pontualmente por meio de temas como mobilidade, insegurança, insustentabilidade e outros, certamente poderia ter um outro cenário caso o desenvolvimento urbano fosse respeitado como ciência e não fragmentado por interesses corporativistas.
É possível imaginar saúde sem médicos ou justiça sem advogados?
Por que a sociedade brasileira foi ludibriada e induzida a acreditar que é possível fazer uma cidade melhor sem Arquitetos e Urbanistas?
Não funcionou!
Compartilho com cada um dos colegas Arquitetos e Urbanistas capixabas minha indignação, assim como reforço com cada engenheiro, agrônomo e tantos outros profissionais abrigados pelo Crea-ES que compreendemos ter sido aquela uma atitude de poucos, em prejuízo de muitos.
A maturidade e as realizações conquistadas nos três anos e meio de CAU mostram claramente que este novo caminho tem como valor maior o compromisso com um futuro sustentável, tal qual o estatuto da cidade nos obriga.
É com esse valor maior que os Arquitetos e Urbanistas continuarão exercendo dignamente sua profissão: PRODUZIR ARQUITETURA E URBANISMO PARA TODOS!
Tito Augusto Abreu de Carvalho
Presidente do CAU/ES