A 2ª edição do Seminário de Mobilidade Urbana Sustentável do CAU/SP aconteceu em São Paulo/SP, no dia 23/10, com uma série de palestras, seguidas de debate, entre convidados, professores e especialistas no tema. O encontro foi realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Participaram da mesa de abertura o arquiteto e urbanista Luiz Cortez Ferreira, Coordenador da Comissão Temporária de Mobilidade Urbana do CAU/SP, e a arquiteta e urbanista Angélica Benatti Alvim, diretora da FAU Mackenzie. Ela destacou a importância de unir o Conselho e as Instituições de Ensino Superior de Arquitetura e Urbanismo. “Precisamos aproximar cada vez mais as escolas do CAU”, declarou Angélica.
O Conselheiro do CAU/SP, Luiz Cortez Ferreira, fez uma retrospectiva das demandas da Política Nacional de Mobilidade Urbana e das ações da Comissão de Mobilidade Urbana, incluindo o 1º Seminário de Mobilidade Urbana Sustentável, realizado em 2017 com 300 participantes, 41 técnicos e representantes de 14 municípios.
Este 2º Seminário teve como primeiro palestrante o Prof. Dr. Carlos Leite da Universidade Mackenzie, que abordou o caso de Medellín. A cidade colombiana já foi dominada pelo narcotráfico e pela criminalidade, sendo conhecida como local de nascimento e de operações do traficante Pablo Escobar, mas hoje em dia é um exemplo de boas práticas em urbanismo. O professor destacou que os avanços no sistema de metrô e programas de incentivo do uso de bicicletas foram capazes de mudar a realidade da população, inclusive em áreas de vulnerabilidade social, mostrando o poder transformador da mobilidade urbana.
Em seguida, a palestra foi de Karin Regina de Castro Marins, arquiteta e urbanista e professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Ela apresentou seu trabalho no projeto de mobilidade urbana da USP, que traz uma série de desafios particulares, como adaptar as propostas para os sete campi espalhados pelo estado de São Paulo e atender o fluxo diário de 120 mil pessoas pelos espaços universitários. “Nosso objetivo era encontrar problemas comuns e problemas específicos graves”, explicou Karin sobre o processo, que teve início com princípios, partindo então para objetivos e diretrizes, sempre se aproximando da aplicação prática das soluções de mobilidade.
O próximo palestrante foi Thiago Canhos Montmorency Silva, Diretor Técnico do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável da Prefeitura de Santo André. Seu tema foi o transporte urbano de cargas, que enfrenta inúmeras restrições de circulação nas cidades. Ele abordou tanto a questão do trânsito de Veículos Urbanos de Carga (VUCs), exemplificando com as dificuldades enfrentadas durante as Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro, quanto o impacto causado pela distância cada vez maior entre os centros logísticos e as regiões urbanas.
Lincoln Paiva, presidente da consultoria Green Mobility, continuou o Seminário abordando o deslocamento sem carro. Ele mostrou o caso de Afuá (PA), cidade de mais de 8 mil km² localizada na Ilha de Marajó, onde transitar em automóveis é proibido. Sua apresentação tratou do livro “Quando a rua vira casa”, de Carlos Nelson F. Santos, e também da falta de atenção dada às calçadas em detrimento das ruas asfaltadas. “As cidades são reflexo de quem nós somos, de como usamos a cidade”, refletiu.
A última palestra foi de Luiza de Andrada e Silva, diretora executiva do Instituto Cidade em Movimento. Seu foco foram os hiper lugares móveis, fenômeno recente de serviços e produtos oferecidos em estabelecimentos sobre rodas, como food trucks e festas em ônibus. Um grupo de alunos envolvidos com o Instituto tratou de outro exemplo de apropriação de locais e de mobilidade, os “pancadões” de funk, que mudam a dinâmica das festas pagas e as trazem para o ambiente coletivo da rua. “Esse hiper lugar gera um espaço, mas também gera muito conflito”, acrescentou Luiza sobre os hiper lugares.
Ao fim das apresentações, todos os palestrantes se reuniram à mesa para um momento de debates, junto da arquiteta e urbanista Viviane Manzione Rubio, professora da Universidade Mackenzie, de Angélica Benatti Alvim e Luiz Cortez Ferreira.
Dentre os diversos assuntos abordados, as discussões tocaram principalmente no valor social da mobilidade urbana. “A transformação urbana é muito mais lenta do que a transformação social”, destacou Viviane.
Por fim, o Coordenador da Comissão Temporária de Mobilidade Urbana do CAU/SP abordou a complexa questão do urbanismo no século passado e sua influência nos tempos atuais, focados no carro. “O século 20 foi uma desgraça urbanística, em que o povo perdeu a cidade para o automóvel”, afirmou Luiz Cortez Ferreira.
Publicado em 25/10/2018
Da redação