CAU/SP

Criação do Boletim informativo do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unimogi

“Boletim Vão” 

Equipe editorial 

Docentes: Liliane Cristina da Silva Camargo e Caio Barbato Maroso; 

Discentes: Tatiane Ueda (fotografia), Eduarda Gattei e Beatriz Xavier (arte). 

 

INTRODUÇÃO 

A Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo, por meio do diretor acadêmico Professor Doutor Sérgio Zavarize, da coordenadora Professora Mestre Ana Lara Lessa, junto com os mantenedores Sr. Júlio Rodrigues e Sr. Marcelo Rodrigues, possibilitou a criação do primeiro boletim informativo da faculdade neste momento do curso de Arquitetura e Urbanismo, intitulado Vão 

O objetivo deste texto é apresentar a estruturação, a atuação e os resultados obtidos pelos participantes do boletim, cortejando essa iniciativa com algumas reflexões teóricas que sustentam a ideia principal do projeto proposto, a aproximação entre a teoria e a prática do ensino da arquitetura e do urbanismo, com foco principal em projeto. 

Para estruturamos esta apresentação, citaremos as publicações que corroboram com a perspectiva de que o ensino do projeto, independentemente do âmbito e da complexidade, deve se basear na práxis; na aliança entre a teoria e a prática. Entendemos que dinâmica de ateliê – a emulação de um escritório de projetos de arquitetura e urbanismo – é, sim, fundamental para a formação de futuros arquitetos. Entretanto, a reflexão teórica do fazer projetual é igualmente importante, tornando-a indispensável. O entendimento da importância da práxis profissional está alinhado às Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, que serão abordadas no decorrer deste trabalho. 

Além disso, também serão apresentados, como parte da metodologia, os principais resultados obtidos durante os quase cinco anos de existência do boletim Vão. O intuito é exaltar a produção dos discentes e o envolvimento deles no processo da criação do conteúdo que reflete sobre a prática projetual, conforme defendemos. O cerne da questão não é o produto em si, embora a qualidade deste esteja à mostra, mas o que não está visível nos registros, e que talvez seja o mais importante, o processo de desenvolvimento dos discentes. 

Há que se pontuar que durante a existência do boletim, desde 2018, a equipe sofreu acréscimos e reduções dos participantes, o que é esperado e saudável. Assim, além dos integras atuais que encabeçam essa publicação, oportunamente citaremos outros participantes e autores de publicações específicas. 

Convidamos para nos seguirem por essa jornada em nosso Instagram @vaounimogi. 

 

JUSTIFICATIVA 

Acreditamos que a educação de qualidade e plena deve promover experiências que são constituídas por categorias que são transferíveis à vida dos que a experienciam, a saber: a superação no processo criativo, o desenvolvimento da pesquisa, o discurso crítico, o lúdico, o estético, e a ética. Queremos, com o projeto que aqui apresentamos: assegurar, ao estudante e à comunidade, o conhecimento da Arquitetura e Urbanismo; propiciar a prática da profissão de forma crítica; atuar por meio da pesquisa, da escrita, das relações sociais uma formação plena, ética e solidária; estimular o entendimento e aplicação das normativas e críticas sobre assuntos diversos, os valores do saber, o espírito de equipe, o respeito à diversidade e a valorização do homem; e proporcionar aos alunos uma real experiência cognitiva sobre os direitos e deveres com o respeito à diversidade de valores técnicos, estéticos, culturais e sociais. 

 

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 

 

A exigência de legitimidade apressadamente dirigida ao pensamento – o ‘para que tudo isso?’ – costuma paralisar esse pensamento exatamente naquele ponto em que traria compreensões que um dia, inusitadamente, podem contribuir para uma práxis melhor. (ADORNO, 1967, p. 125) 

 

Acreditamos que essa reflexão proposta pelo filósofo seja a base do desenvolvimento do trabalho proposto pelo boletim que ora apresentamos. É o olhar do estranhamento, refletido sobre a pesquisa e a teoria, que criam o olhar crítico necessário ao processo de projeto, que a atuação do Vão propõe para os discentes. A indagação dos motivos pelos quais fazemos o que fazemos é parte da própria atuação do arquiteto e urbanista. É o que garante a continuidade do processo de projetar. Seguindo Miranda (2005, p. 7), “a reflexão é necessária para que o arquiteto não prossiga ingenuamente em trilhas preestabelecidas e desgastadas”. 

Ao contrário, ao refletirmos sobre o pensamento dialético de Lefebvre (2009) como método para o ensino, percebemos a práxis, junção da teoria e da prática. Nesse sentido, vamos ao encontro de Oliveira (2011, p. 185), em que: 

(…) a compreensão do pensamento dialético, do movimento progressivo-regressivo no espaço e no tempo, da utopia experimental e da transdução, que conjuga procedimentos anteriores não excluindo qualquer outro já utilizado pelas ciências, de modo geral. São estes os procedimentos que, potencialmente, permitem a união entre conhecimento e ação, na direção de romper com a fragmentação imposta e traçar uma estratégia que permita compreender o fenômeno urbano como uma ciência fundamentada na práxis, e assim alcançar a totalidade da vida cotidiana e da sociedade como um todo. 

A interpretação de Oliveira (2011) sobre a metodologia proposta por Henri Lefebvre corrobora com nossa proposta do Boletim Vão, à medida em que unimos, dialeticamente, a prática e a teoria, contrapondo-as, para criar um recorte de interpretação da realidade. Concordantemente, Miranda (2005) aponta que aproximação entre a teoria e a prática nas escolas de Arquitetura e Urbanismo deveria, justamente, ser feita pela crítica às práticas projetuais. 

A autora pondera que os currículos atuais segregam muito a teoria e a prática, inclusive na divisão entre disciplinas. Todavia: 

 

a teoria tem cumprido um importante papel no desvelamento e desmantelamento dos fundamentos ideológicos e amarras tradicionais da produção arquitetônica, mas se circular somente nos meios especializados, apenas se autoalimentando, não será capaz de influir efetivamente sobre a produção prática e contribuir na renovação de seus fundamentos implícitos e procedimentos desgastados. (MIRANDA, 2005, p. 2) 

A ideia é aproximar os resultados da reflexão crítica teórica com a prática projetual. As pesquisas que os discentes produzem se traduzem nas diversas publicações do boletim e, posteriormente, são percebidas nas propostas projetuais nos ateliês, com interferência em toda a comunidade acadêmica do curso em tela. 

Podemos citar, também como embasamento para o desenvolvimento do veículo de comunicação que ora se apresenta, o item IV do artigo 3° das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, que propõe a contemplação de “modos de integração entre teoria e prática” nos projetos pedagógicos desses cursos.  

Sendo assim, e por todo o exposto, passamos à apresentação dos resultados do Boletim Vão. 

 

DISCRIMINAÇÃO DO PROJETO 

Metodologia da Execução do Projeto 

O projeto do Boletim se desenvolve de forma digital. É usado mídia social e um local de hospedagem no formato de blog para divulgação das edições. Por meio da mídia social é feita divulgação das pesquisas dos temas que são programados pela equipe, possibilitando contato dos discentes sobre o planejamento das atividades e tarefas. Este trabalho é semanal ou diário. Por meio da ferramenta é possível o desenvolvimento da entrevista com profissionais atuantes, possibilitando as relações sociais com escritórios de arquitetura, aumentando o conhecimento da atuação da profissão. 

No blog, as edições são publicadas a partir de uma gestão inicial. A gestão do projeto possibilita a equipe editorial a clareza dos fins do documento e do projeto; fala sobre a estrutura do boletim: característica, periodicidade, como será a distribuição dos temas, formato do documento, diretrizes e responsabilidades, cronograma e a gestão de comunicação interna, definindo todo o caminho antes do documento ser publicado. 

Este contato entre discentes de períodos distintos possibilita aprendizado constante de forma muito ativa. 

 

Edições publicadas 

Todo o material está disponível em uma plataforma digital através de um perfil em formato de blog. O acesso às edições está no site (https://boletimarquitetura.jimdosite.com/) 

 

Figura 1: Capas das Edições do Boletim Vão 

Capas das quatro edições já publicadas, disponíveis no site. Fonte: Boletim Vão, 2021

 

Equipe editorial 

Criado em 2018, docentes e discentes da faculdade atuaram junto a equipe editorial do boletim. 

 

Figura 2: Equipe editorial 

Da esquerda para direita, de cima para baixo, Docentes: Liliane Camargo; Silvia Chiarelli; Caio Maroso; Discentes: Beatriz Xavier; Eduarda Gattei; Tatiane Ueda; Beatriz Rocha; Lais Granziera; Gabriela Nehemy; Maiara Floriano; e Valéria Vieira. Fonte: Boletim Vão, 2021

 

Feed, Reels e Stories do Instagram @vaounimogi 

A rede social Instagram foi escolhida, o perfil foi criado e começou a ser alimentado. Já passamos por diversas reestruturações e a atual estrutura está conforme a Figura 3. 

 

Figura 3: Estrutura do Instagram 

Exemplo das publicações na rede social, em ordem cronológica decrescente da esquerda para a direita. Fonte: Boletim Vão, 2021

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A contribuição das atividades do Boletim Vão para o acréscimo na qualidade das propostas arquitetônicas em ateliê tem sido visível, não apenas para os docentes envolvidos nas publicações. A participação dos discentes tem criado dinâmicas e interações entre eles, o que é importante, dada a periodicidade noturna do curso. Isso contribui para as discussões acerca dos assuntos pertinentes à formação do profissional arquiteto e urbanista. Ainda que as publicações no âmbito do boletim sejam o resultado imediato desse trabalho, a aprendizado no processo de pesquisa e preparação também é essencial e talvez até mais importante. Todas essas contribuições podem ser corroboradas pelo referencial teórico, mostrando que essa é uma boa iniciativa para a formação complementar. 

 

 

 

Referências bibliográficas: 

ADORNO, Theodor W. Funktionalismus heute. In: Theodor Adorno. Ohne Leitbild – Parva Aesthetica. Frankfurt a/M: Suhrkamp, 1967. p. 125. Tradução de Silke Kapp. 

LEFEBVRE, H. O Direito à Cidade. São Paulo: Centauro, 2009. 

MIRANDA, J. T.. A relação entre teoria e prática na arquitetura e seu ensino: Teoria reflexiva e projeto experimental. In: II Seminário sobre o ensino e pesquisa em projeto de arquitetura: rebatimentos, práticas e interfaces – PROJETAR 2005, 2005, Rio de Janeiro. Anais do II Seminário sobre o ensino e pesquisa em projeto de arquitetura: rebatimentos, práticas e interfaces. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. 

OLIVEIRA, C. S. de. Henri Lefebvre: possibilidades teórico-metodológicas para Arquitetura e urbanismo. 2011. 214 f. Tese (Doutorado em Conforto no Ambiente Construído; Forma Urbana e Habitação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011.