Plenário do CAU/SP presta homenagem ao arquiteto, pintor e professor Sérgio Ferro – CAU/SP

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Plenário do CAU/SP presta homenagem ao arquiteto, pintor e professor Sérgio Ferro

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27.04.2023

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Redação CAU/SP

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Plenário do CAU/SP presta homenagem ao arquiteto, pintor e professor Sérgio Ferro

O arquiteto Sérgio Ferro ao lado da vice-presidente Poliana Risso (esq.) e da presidente Catherine Otondo.

Em uma ocasião rara, o colegiado de conselheiros reservou uma parte da reunião plenária deste mês, realizada no dia 27, quinta-feira, para prestar homenagem ao profissional arquiteto Sérgio Ferro, reconhecido por uma prestigiosa carreira acadêmica e nas artes plásticas (leia bio abaixo).

Na ocasião, a presidente Catherine Otondo recordou a entrevista concedida por ele à revista dos estudantes da FAU nos anos 90 (a “Caramelo”).

“Eu tive o privilégio de ter um primeiro contato com o professor quando entrei na FAUUSP, e formei, junto com os meus colegas uma pequena revista (…), e o professor, gentilmente, atendeu ao nosso pedido via fax (…) e respondeu às perguntas de jovens”.

Nesta entrevista, da qual a presidente leu um breve trecho, Sérgio Ferro pontua: “milito pelo que creio sem o decoro das conveniências”.

“Professor, eu gostaria de agradecer em nome do Plenário do CAU/SP pela sua juventude, pela sua ‘falta de decoro’, e por estar aqui estar hoje conosco recebendo esta homenagem”, concluiu Catherine Otondo.

Uma história do trabalho do arquiteto

Em sua intervenção, Sérgio Ferro fez uma breve palestra sobre o papel do arquiteto no escopo do canteiro de obras desde o final da Idade Média, apontando momentos chave da evolução das relações de trabalho neste espaço até as primeiras décadas do século XX.

Relembrando ainda o panorama dos movimentos sindicais no período recente, o arquiteto considera:

“A situação, a partir daí [primeira metade do século passado] somente tem piorado. Aquele mundo lindo dos construtores autônomos e autodeterminados desemboca hoje nas situações mais precárias e horrorosas do mundo do trabalho”.

“Por isso, eu acho que a nossa luta (…) converge muito hoje com a luta das mulheres, chefes desta casa”.

Breve retrospectiva de uma longa carreira

Arquiteto, desenhista, escritor, pintor e professor, Sérgio Ferro nasceu em Curitiba/PR em 1938, e formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP em 1962.

Acrescentou uma pós-graduação em Museologia e Evolução Urbana pela mesma instituição três anos mais tarde, além de cursar Semiologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, em 1966.

Ainda nesta década, ele integra com Flávio Império (1935 – 1985) e Rodrigo Lèfevre (1938 – 1984) o Grupo Arquitetura Nova, influenciados pelo pensamento e atuação de Vilanova Artigas (1915-1985).

Por meio de projetos arquitetônicos, iniciativas artísticas e textos de intervenção e de crítica social do Brasil, o trio manifesta seu interesse por técnicas construtivas simples, de aplicação corrente pela população e informadas pela escassez de recursos, repensando o papel do profissional de Arquitetura e Urbanismo.

Para o Grupo Arquitetura Nova, nas palavras do pesquisador Pedro Fiori Arantes, “o papel do arquiteto passa a ser o de organizar o trabalho coletivo da construção, de desenhar novas relações de produção que minimizem a intensidade do trabalho e recuperem o valor do conhecimento dos trabalhadores: do desenho para o canteiro de obras ao desenho do canteiro de obras”.

Em 1970, Império, Lèfevre e Ferro são presos e interrogados pela ditadura militar. O trio se dissolve, mas a atuação posterior é coerente com as questões formuladas na década de 60.

Dois anos depois, devido à pressão do regime, Ferro se muda para a França, onde alterna períodos entre Paris e Grenoble.

Mesa da reunião plenária .

Escritor, pintor e professor

No campo das artes plásticas, a produção de Ferro é caracterizada por pinturas figurativas, inspiradas pelos grandes autores da história da arte como Michelangelo Buonarroti (1475-1564). Como pintor, participou das mostras Opinião 65, no MAM/RJ, Propostas 65, no MAB/Faap e da Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ, em 1967. Em 1987, ganha o prêmio APCA na categoria “pintura”.

Produz também murais para várias instituições da França e Brasil, a exemplo dos painéis “Cenas e Sonhos Latino-americanos I e II” para o Memorial da América Latina, disponíveis atualmente na estação de metrô Vila Prudente (zona leste da capital).

A admiração pelos mestres do passado se reflete na produção bibliográfica: entre outros livros, publica “Michelangelo: Notas por Sérgio Ferro” (1981), e “Michel-Angel, Architecte et Sculpteur” (1998). No campo da Arquitetura, sua obra de destaque é “O Canteiro e o Desenho” (1979), sobre a natureza do projeto arquitetônico, e relações de trabalho no canteiro de obras entre outros temas.

Na área acadêmica, Sérgio Ferro teve importantes passagens na Escola de Formação Superior de Desenho, (1962 e 1968); FAUUSP (1962 a 1970) e Universidade de Brasília – UnB (1969 e 1970).

Já no exterior, leciona de 1972 a 2003 na “École Nationale Supérieure d’Architecture de Grenoble” [Escola Nacional Superior de Arquitetura de Grenoble], na Suíça, e, na mesma universidade, funda o laboratório Dessin/Chantier [desenho/canteiro], dirigido por ele entre 1982 a 1997.

Bibliografia

Cronologia de artes plásticas: referências 1975-1995 / Andréa Camargo Guimarães … [et al.] – São Paulo: Centro Cultural São Paulo-IDART, 2010. 300 p.; fotos

Pedro Fiori  Arantes, Arquitetura  Nova.  Flávio Imperio,  Rodrigo  Lefèvre e  Sérgio  Ferro de  Artigas  aos  mutirões(São Paulo, Editora 34, 2002), 119

Revista arq.urb, São Paulo, SP, Brasil, n. 29 (2020): set. – dez. Disponível em: https://revistaarqurb.com.br/arqurb/issue/view/30

SÉRGIO Ferro. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9336/sergio-ferro. Acesso em: 25 de abril de 2023. Verbete da Enciclopédia.

Atualizado em 28/04/2023

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27.04.2023

Escrito por:

Redação CAU/SP

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